EDITORIAL

Armindo Veloso



Resistências
Quinze dias depois apetece-me voltar ao tema da reforma administrativa. A resistência à mudança é um dos sentimentos mais vulgares no ser humano e dos mais difíceis de gerir.
Quem já não teve imensas dúvidas, com stress à mistura, quando pelas mais variadas razões foi forçado a mudar de local de trabalho, parte física ou mesmo de tarefa dentro do seu emprego?
Se as coisas forem feitas por bem, com ponde-ração e competência, a maioria das vezes essas dúvidas vão resultar numa frase muito popular: que burro/a que eu estava a ser...
Vamos para assuntos maiores e que nos dizem respeito a todos. Alguém tem dúvidas que a reforma administrativa, se for bem feita, resultará num benefício para todos, ou quase todos?
O exemplo dos agrupamentos escolares que tanta polémica deram está aí para o comprovar. As crianças, principais protagonistas, darão testemunho ao fim de poucos anos de quão importante foi esta mudança.
As freguesias, mantendo o seu nome original mantêm a sua identidade e a sua história - alguém põe em causa a história e o nome de cada lugar dentro da mesma freguesia? Havendo uma junta eleita que represente seis ou sete freguesias actuais, duas ou três mil pessoas, se lhe forem dados mais poderes e capacidades financeiras, terá um protagonismo e intervenção que não se compara com o de representar duzentas ou trezentas pessoas. Claro que vai haver menos lugarzinhos para ocupar, menos capelinhas. Mas será um país dentro de uma década, tempo mais que suficiente para avaliarmos as mudanças, muito mais arrumado. Já nem refiro as freguesias urbanas porque nessas nem há história.
O mundo é feito de mudança, dizia o poeta. Já que nesta altura não há coragem para se mexer nas câmaras, algumas era como pôr ovos a Sto. António, que se comece pelas juntas.
Vamos fazer jus à frase do povo.
Até um dia destes.