EDITORIAL

Armindo Veloso



Anedotas à portuguesa
Infelizmente não é uma anedota. Mas parece.
Se os meus caros leitores forem na auto-estrada para o Algarve e virarem na placa que diz Ferreira do Alentejo vão entrar numa estrada nacional com piso de excelente qualidade, quase toda em linha recta e muito bem sinalizada.
Então onde está o espanto, tudo isto é normal num país civilizado, perguntarão.
Não, o anormal não está nisto. Conforme vamos andando nessa mesma via contemplamos os grandiosos olivais – de espanhóis, claro... - que a ladeiam e reparamos em enormes movimentações de terra por todo o lado com buracos e buracões, gigantescos saneamentos para as águas pluviais e grandes plataformas/tabuleiros de betão, alguns deles com centenas de metros de comprimento e, espantem-se, poucos metros de altura porque, como sabemos, o Alentejo é em grande medida plano.
Sabem qual é a finalidade desta obra de muitos milhões? Uma auto-estrada para Ferreira do Alentejo com ligação para Beja.
Entretanto destrói-se tudo o que aparece pela frente, para não falarmos das expropriações milionárias que têm que ser feitas aos proprietários dos olivais. Dizem-me que um dos maiores olivais do mundo está a ser dividido ao meio.
Alguns dos nossos governantes são loucos. E corruptos porque só pode haver nisto negociata de betão.
Cereja em cima do bolo: Na mesma zona, arre-dores de Beja, há um aeroporto com ínfimo movimento. Aviões praticamente não poisam nem levantam mas é pelo menos uma obra que se vê ao longe e “dignifica” o Alentejo!
Aprendam senhores autarcas! Ponham as ruas às escuras porque o IVA da energia aumentou e peçam um aeroportozito para as vossas terras. Assim é que se ganham eleições, pois claro!
Até um dia destes.