EDITORIAL

Armindo Veloso



Epítetos

A revista Visão falava, há semanas atrás, que Portugal viveu dez crises ao longo da sua história.
Cingindo-me às recentes, que fizeram marca com o FMI, quando era criança ouvi muitas vezes dizer, e dizia, que na primeira quem quer cai na segunda só cai quem quer; na terceira só cai quem é burro. Portugal já foi em democracia resgatado pelo FMI – nesta última acompanhado pelo FEEF, fundo europeu para o equilíbrio financeiro – três vezes. A dedução é legítima...
Meus caros amigos, quando meteremos na cabeça que quando se ganha dez não se pode gastar onze? Por muitos subsídios que tenhamos – muitos deles funcionam como autêntica droga criando-nos hábitos de consumo para alemão exportar..., outros, esmolas que matam o pobre como as obras faraónicas – haverá sempre uma ruptura no final da linha.
Desta última vez, então, era muito fácil ver onde iríamos parar a curto prazo.
Como era possível continuarmos a viver com déficits de seis, sete ou oito por cento que só bai-xavam para tentar iludir o povo com engenharias financeiras, do tipo empresas do Estado a comprar imóveis ao próprio Estado ou transferindo fundos de pensões da Caixa ou da PT como se o dinheiro não fosse o mesmo, funcionando como o cobertor que ora tapa os pés, ora tapa a cabeça?
Leitores, dia cinco há eleições legislativas. Não sendo na prática umas eleições muito importantes, uma vez que o “menu” mais significativo da governação é imposto pelas instituições internacionais, são fundamentais como sinal de maturidade do nosso po-vo. Independentemente de quem ganhe, espero que se forme um governo tri-partido. Um governo com dois terços de deputados no parlamento. O Bloco e o PCP auto-excluem-se de qualquer solução. Assim é fácil...
Esperemos que o PS, PSD e PP se deixem de arrufos e arregacem as mangas. Se não for desta vez, não encontro, nem o povo encontrou, epíteto para a quarta recaída...

Até um dia destes.