EDITORIAL

Armindo Veloso



Nobreza e Povo

Copo meio vazio:
Pedro Passos Coelho convidou Fernando Nobre para encabeçar a lista para deputados em Lisboa pelo PSD e prometeu-lhe que caso o seu partido vença as eleições será o próximo Presidente da Assembleia da República.
Trata-se de uma postura oportunista de Passos Coelho para tentar ir “beber” aos seiscentos mil votos de eleitores não alinhados que votaram em Nobre nas eleições presidenciais.
Trata-se também de uma postura contraditória de Fernando Nobre, uma vez que tanto criticou os partidos e defendeu o movimento cívico de cidadãos como sendo o seu único objectivo, tentando, assim, influenciar esses mesmos partidos por fora do sistema.
Copo meio cheio:
Pedro Passos Coelho, com o convite que fez a Fernando Nobre teve a coragem de cumprir aquilo que vem dizendo: abrir o partido a independentes de qualidade e colocá-los em lugares de destaque. Dizendo dessa forma ao PSD profundo que não contem com ele para aparelhites num possível próximo governo e que será diferente de todos os outros exigindo competência venha ela de onde vier.
Por sua vez, Fernando Nobre aceitou o desafio ar-riscado de passar das palavras aos actos. Desafio que poucos de nós estão dispostos a aceitar.
Como em quase tudo na vida, uns verão o copo meio cheio, outros vê-lo-ão meio vazio. Os formatados por uma qualquer cor política, para não falar dos caciques, verão sempre só uma perspectiva do copo.
E a grande massa anónima de povo, que ganha as eleições, como verá o copo?
Se o país profundo não se abstiver, dia cinco de Junho será o dia de todas as surpresas. Ou não.

Nota final: O Primeiro-Ministro tem-nos dito até à exaustão que o PEC IV, uma vez aprovado, resolveria os problemas de Portugal e que não seria necessária ajuda externa. Estará a brincar connosco?! Mesmo sendo certo que as instituições europeias o tinham subscrito, sabemos que as medidas nele descritas só sortiriam efeito dentro de dois a três anos – ninguém acredita que fizessem milagres de repente.
Ah, já sei, o Sr. Primeiro-Ministro tinha a esperança que o PEC IV trouxesse um brindezito de oitenta ou noventa mil milhões de euros para resolver os nossos problemas financeiros...
Haja decoro, nem que seja só um pouquinho, Sr. Eng. Sócrates.

Até um dia destes.