EDITORIAL

Armindo Veloso



Inacreditável

No noticiário da SIC Notícias, com Mário Crespo, na rubrica do frente-a-frente cujos intervenientes eram Vicente Jorge Silva e Ângelo Correia, Mário Crespo “rapou” de um documento que disse ser uma cópia de um decreto-lei com mais de dois anos de vida.
Esse decreto de lei referia-se ao subsídio de maternidade.
Então, perguntava Mário Crespo aos convidados se sabiam que uma mulher que abortasse voluntariamente tinha direito ao subsídio de maternidade.
Os dois, Vicente e Ângelo, ficaram mudos e quedos tanto quanto eu no meu sofá.
Caros leitores, não escreveria esta crónica sem antes ir confirmar esta pérola portuguesa. Fui. É verdade.
Estamos perante um decreto-lei inacreditável.
Então é assim: uma mulher que tenha um nado-vivo, tem subsídio de maternidade. Bem.
Uma mulher que tenha um nado-morto, involuntariamente, tem subsídio. Bem, embora discutível.
Agora, uma mulher que faz um aborto voluntariamente, dentro das semanas estipuladas por lei, ter direito a subsídio de maternidade, francamente é surreal.
Já tinha visto decretos-lei absurdos mas este ultrapassa tudo. O que dizer de um país que corta o abono de família a pessoas da classe remediada e dá estas regalias a quem aborta voluntariamente?
O que acho, em conjunto com o trio do tal noticiário, é que os media: jornais, revistas, televisões, rádios, etc., não pegam nestes assuntos não se sabe bem porquê. Este decreto-lei foi “fabricado” nos gabinetes e votado num dia de maratona de votações, onde muitos deputados nem sabem o que estão a votar. E pronto.
E pronto, repito.
Eis Portugal no seu melhor. Merecemos as leis que temos e merecemos a comunicação social que temos. Esta, faz de uma joguinha uma pedreira e de uma pedreira nada.

Até um dia destes.