Direcção e Propriedade
O primeiro Director do Jornal “A Maria da Fonte” é Azevedo Coutinho, que era já, à época, um importante prosador e viria a ser responsável por um conjunto de estudos e publicações sobre a história da Póvoa de Lanhoso. Mas Azevedo Coutinho acaba por marcar a sua passagem pelo Jornal com a publicação do Folhetim “Relato dos Acontecimentos…”, que são dados à estampa no primeiro ano de existência do Jornal, no que Francisco Martins d’Oliveira é corresponsável (a partir de 1897 aparece-nos como Administrador) e em 1 de Janeiro de 1888 (n.º 103) o Administrador é Freitas Guimarães. Em 1890 a administração passa para Gonçalves Lima.
É a partir de 1895 que podemos fazer uma mais correcta e documentada história do Jornal e dos seus Directores. De facto a partir de Maio desse ano os Principais Redactores são Alfredo Ribeiro e Albino Bastos, passando o primeiro (a partir de Dezembro) a acumular as funções de Redactor Principal e Administrador.
A situação vai-se alterar em 1897 (28 de Fevereiro), quando passa a “Semanário Independente”, tendo como Editor Responsável a Joaquim José de Sousa que um ano depois é substituído por José Joaquim da Silva Carranheta, quando passa a titular-se de “MARIA DA FONTE” (N.º 133), mantendo-se a situação por cerca de 10 anos.
De facto, é Alfredo Ribeiro quem regressa à Direcção do Jornal em 1907.05.12 e em Setembro do mesmo ano, Cyrillo Ferreira aparece-nos como Administrador, sendo perceptível alguma descoordenação na edição do jornal, já que, por exemplo a existência do jornal vai ser suprimida em 1 ano, já que mantém a indicação de 18.º Ano desde 12.05.1907 até 09.05.1909.
Após a implantação da República Portuguesa a Edição do jornal é assumida por Manoel Bernardino Lopes de Macedo, que se mantêm pelo menos até Julho de 1823. (Em 1924.01.04 (Ano XXX; N.º 1521) Antero Pacheco aparece como Director e Editor. João Carvalho que havia chegado ao jornal em 1901 vai tornar-se seu proprietário a partir de 1920.
Em Outubro de 1925, o Director e Editor é Paixão Bastos, que resiste mesmo, num primeiro momento, às movimentações do Golpe Militar de Maio de 1926, mas quando em Setembro de 1928 não submete o jornal à censura, o jornal é impedido pela autoridade administrativa de circular, assumindo a direcção do jornal como Director e Editor o Dr. Manuel Alexandre (Ano 1, N.º 1, recuperando a denominação de “A Maria da Fonte”).
Neste momento o jornal vai viver alguns momentos difíceis, já que em 9 de Dezembro de 1928 o seu Director e Editor passa a ser o Dr. Pinto Bastos, retomando a denominação “Maria da Fonte” (Ano 35, N.º 68), pese embora 2 semanas volvidas retome a designação de “A Maria da Fonte”, Ano 1 N.º 10 e em Janeiro de 1929 o Director e Editor seja o Dr. Manuel Alexandre Pereira, que já havia dirigido de Junho de 1920 a Fevereiro de 1921...

A Influência

Reconhece-se o poder da comunicação social, que tinha na imprensa escrita do nosso país, pelo menos, até meados do século XX uma força impar. Sabemos das importantes lutas travadas através das páginas dos jornais diários, semanários e mensários. Na Póvoa de Lanhoso não foi diverso…
Ao longo da sua existência o Jornal “Maria da Fonte” foi um importante veículo, não só de divulgação e circulação de informação, mais ou menos importante, mais ou menos noticiosa, mais ou menos relevante… mas sempre consciente da sua influência.
Se a força do Jornal “Maria da Fonte” não consegue, na sua fundação, reverter a imagem vertida sobre a heroína que titula, será decisiva para dar voz em tantos momentos conturbados da comunidade em termos políticos e sociais...

O Jornal no Exterior

Uma das principais características ao longo dos anos, ou mesmo das décadas, assumida pelo Jornal “Maria da Fonte”, vai ser o de funcionar como importante, senão único tantas das vezes, entre as diversas comunidades de povoenses dispersos não só pelo país como, sobretudo pelo mundo.
A carteira de assinantes do Jornal “Maria da Fonte”, conseguiu em determinando momento ser o principal motivo de interesse e preocupação senão da Direcção pelo menos da Administração do jornal.
As referências, notícias e acontecimentos que o jornal difunde, tantas vezes provenientes ou concretamente dirigidas aos seus assinantes no exterior do concelho da Póvoa de Lanhoso, constituem o seu principal sustentáculo, convidando a que um importante volume de notas se re-velasse decisiva em termos do tipo de informação que era absorvida por esses destinatários ausentes da terra Natal...

O Arquivo
Como percebemos, o Jornal Maria da Fonte tem uma edição continuada desde 1886, sendo objecto de curtas interrupções, que podemos afirmar ser um dos exemplares mais antigos do país em edição, senão mesmo o mais editado no seu formato.
Existem ainda alguns hiatos de tempo cujos arquivos não foi possível completar e identificar, mas apesar de alguns períodos incompletos e de destruições conhecidas ao longo dos anos, de que a memória popular recorda em episódios como os de Augusto Távora, o artista plástico, autor do fresco que celebrizou a heroína Maria da Fonte, que, pernoitando nas instalações do jornal, para se aquecer do rigor das noites de inverno queimava exemplares do arquivo do jornal, a verdade é que o grosso da informação e dos exemplares chega até aos nossos dias...

O Maior acervo de informação local

O Jornal Maria da Fonte, ao disponibilizar o acesso ao seu arquivo na Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso, através de suporte digital, coloca à disposição de estudantes e investigadores um dos maiores acervos de informação local disponível.
A partir da análise das páginas do Jornal Maria da Fonte, com edição contínua durante quase todo o século XX, permite o conhecimento, acompanhamento e evolução do pulsar da vida social, política e económica do concelho da Póvoa de Lanhoso.
Das alterações e disputas políticas aos preços dos produtos básicos da alimentação da população, do pulsar da vida cultural aos conflitos sociais, manifestações, reclamações, inaugurações e acontecimentos mais relevantes, fluxos populacionais e intervenções políticas, todos são expressos nas páginas do semanário...