EDITORIAL



Armindo Veloso




AFABILIDADES

Todos nós conhecemos pessoas que são afáveis e até pretensamente amigas, em quem depositamos confiança, e que, na primeira oportunidade, nos desiludem pelo seu carácter.
Há deste tipo de gente em todos os estratos sociais e a desempenhar as mais variadas actividades.
São essas pessoas que devemos temer, não os inimigos declarados. Desses, com maior ou menor dificuldade, sabemos defender-nos.
Em relação aos primeiros, temos de prevenir, de noite e de dia, porque, com as suas falinhas mansas e com o seu charme intrínseco, dão a volta a situações incríveis.
Quantas das vezes, nós, sabendo de fonte segura, das trapacices de videirinhos e, estes, depois de uma cantadinha, quem sabe com choro à mistura, nos dão a volta até à próxima, às vezes maior, recaída.
Na minha opinião, o primeiro ministro de Portugal, cabe que nem uma luva neste grupo de pessoas a temer. Ele é charmoso; ele é, quando quer, afável; ele é bem falante; ele é, aqui e ali, competente. Mas, ele é, tem-no demonstrado, um homem com défice de carácter.
Não sou suspeito de antipatias gratuitas porque o admirei no passado e revelei-o neste mesmo espaço.
Como pode um homem com carácter contradizer-se, voluntariamente, no espaço de horas? Como pode um homem com carácter mentir descaradamente sem o mínimo pudor? Como pode um homem com carácter ser um autêntico camaleão fazendo do branco preto e do preto branco de acordo com as circunstâncias? Como pode um homem com carácter perante a situação dramática que vivemos tentar entreter-nos com ridicularias de décimas em índices muitas das vezes maquilhados?
Para quem acompanha com atenção o fenómeno político em Portugal, fica com uma volta no estômago ao ver o nosso mais alto governante a dizer e a desdizer, a fazer e a desfazer, a acusar tudo e todos dependendo dos interesse de cada momento.
Sabemos que a arte de fazer política obedece a muitas ‘regras’ de marketing mas haja o mínimo de bom senso!
O Eng. Sócrates tem, de facto, uma personalidade que defini no início. Ele dá a volta às pessoas. Ele entra pelos média adentro quando quer e como quer dizendo, às horas que quer, aquilo que bem lhe apetece sem o mínimo de rubor na cara. Passados dez minutos é ver os semblantes de cepticismo dos seus receptores.
A história lembra estes homens nas suas páginas mais sombrias.
Até um dia destes