Armindo Veloso




QUO VADIS HOMO SAPIENS?


Sentindo-me muito bem na condição de heterossexual, não tenho nada contra os homossexuais.
Postos os pontos nos ‘is’, não entendo nem aceito que um país como o nosso, que está cronicamente na cauda da Europa em imensos índices fundamentais para o bem estar de um povo como o custo/benefício da educação, o custo/benefício na saúde, o salário mínimo, a produtividade, — para falar só destes quatro —, queira ser vanguardista num assunto que, sendo pertinente, não é, nem de perto nem de longe, prioritário.
Sei que nós portugueses, estando sempre a dizer mal da Espanha, lá no fundo fazemos tudo para a copiar. Podíamos começar por copiar os índices de desenvolvimento e produtividade que permitiriam que os copiássemos também no salário mínimo, por exemplo, em vez de copiá-los nos casamentos homossexuais.
Peguemos então neles, a nossa Nação/Estado tem evoluído a olhos vistos nas mentalidades – quem diria que há vinte anos que estava a escrever sobre este tema – e ainda bem.
O nosso problema é querermos andar depressa demais em assuntos fracturantes.
Para quem não sabe, só oito países no mundo têm o casamento homossexual, como tal, legalizado. Assim sendo, porque será que Portugal quer ser um dos pioneiros neste tema se há assuntos anos luz mais importantes para resolver?
Alguém acredita que depois do casamento ser legalizado não se dará o último passo — agora evitado pela conveniência de parecer mal tudo junto —para a adopção de crianças?
E aqui, meus amigos, reside o assunto deveras fundamental: que queremos das sociedades futuras?
Sabemos todos que o ser humano desde que nasce vai imitando o ambiente que o rodeia construindo assim a sua personalidade.
Será difícil descobrir o que fará uma criança, futuro adulto, criada, intimamente, por dois homens ou duas mulheres?
Quando vejo os partidos extremistas a defenderem estes assuntos fracturantes e a precipitá-los, é disso que se trata, não acho estranho dada a irreverência que lhes subjaz. Agora, serem os partidos dos governos a fazerem pressão, apetece-me escrever em latim: Quo Vadis, Homo Sapiens?
Até um dia destes.