
Armindo Veloso
CÃES E GATOS
Quando era miúdo ouvia muitas vezes os mais velhos referirem-se a certas pessoas como o cão e o gato querendo dizer, com isso, que se davam mal e andavam sempre em quezílias. Nos tempos de hoje, com o tratamento esmerado que se dá a certos cães e a certos gatos, alguns deles já se dão como “deus com os anjos” dormindo aconchegados um no outro. O que é certo é que na maioria dos casos o cão e o gato ainda servem de metáfora para muitas inimizades. Em democracia tem de haver quem governe e quem faça oposição. O que me parece é que no nosso concelho – e em muitos outros por esse país fora, para não falar de freguesias e até da Assembleia da República – os nossos eleitos entretêm-se em questiúnculas, a maior parte das vezes, estéreis passando a ideia ao comum dos mortais de que quanto pior melhor. Será de bom senso andar em guerrilha permanente e gastar energias com minudências quando há todos os dias coisas sérias para tratar? Será de bom senso haver assembleias municipais fastidiosas cujo resultado é uma, várias, dores de cabeça em vez de se tratar de assuntos palpáveis, de uma forma séria e debatida, claro, e dar tempo ao tal eleitor, que se calhar a quatro anos das eleições não conta para nada..., mas que precisa de expor os seus assuntos de viva voz no fórum adequado? Os eleitos devem representar quem os elegeu defendendo a causa pública. É aí que reside a nobreza da política. Não é em meter permanentemente areias na engrenagem pelo simples facto de se ser de cores diferentes. Quando é que esta gente mete na cabeça que o bem dos outros também nos toca e o mal nos afecta mais tarde ou mais cedo?!
Até um dia destes.