Bom Natal
Um Natal que se aproxima, mais um ano que está prestes a terminar. A reboque de mais esta quadra ímpar de festa podemos escrever mil e uma cartas ao Menino Jesus e pedir o que mais falta nos faz. Mercê de um 2009 difícil para milhares de portugueses, talvez o bacalhau seja este ano mais fino, que os doces sejam menos fartos.
Os tempos obrigam as gentes a apertarem a 'goela' com as promessas de fartosos presentes.
Na Póvoa de Lanhoso, concelho tradicionalmente católico, as famílias vão-se reunir à volta da mesa. Talvez algumas ainda façam a sua oração e deixem, no final da Ceia, os restos para que as almas venham cear com elas.
O Natal é assim. A alegria do encontro, do nascimento, da 'missa do galo' ou do forte abraço que damos ao outro que já não vemos há um ano.
O 'Maria da Fonte', nos seus quase 124 anos de história, já viveu muitos dias 25 de Dezembro. A tradição ainda é o que era mesmo que alguns costumes tenham sido alterados fruto da materialização dos presentes, do Pai Natal ou da simples ida ao circo com bilhete oferecido por uma qualquer superfície comercial.
Normalmente, este mesmo espaço é preenchido com o 'mais' e o 'menos' do concelho na última quinzena. Tal como no ano passado, resolvemos deixar, neste último número do 'MF' antes do Natal, uma mensagem de agradecimento aos nossos estimados leitores.
O ano que está prestes a terminar foi difícil, não porque as notícias e boas-novas do concelho assim o exigissem. O problema foram os intervenientes de circunstância. Estiveram mais 'impertigaitados' que nunca. As eleições envolveram o concelho num manto de luta como nunca antes tinha acontecido. Alguns políticos, que têm alguma dificuldade em assumir as suas fraquezas, culpam os jornais pelo seu fracasso. O 'MF', neste último ano, viu-se enxovalhado na praça pública por desconhecidos, numa espécie de discursos encomendados pelos cabeças-de- -cartaz. O desrespeito pela história deste jornal foi mais que evidente. E isso nunca iremos admitir ou vergar os nossos valores às vontades de homens que mais parecem crianças mimadas a escreverem cartas utópicas ao Pai Natal.
Os vencedores nunca concluem que o 'MF' os ajudou. Mas os perdedores acham sempre que foi o 'MF' que os censurou, que lhes cortou o pio ou que ocultou este ou aquele assunto em prol do outro. Vivem atormentados por uma perseguição imaginária, só existente na mente deles próprios ou no seio dos seus partidos ou grupos do trabalho.
Natal não é tempo de lavar roupa suja. Mas é uma excelente quadra para todos fazermos um exame de consciência e vermos como tratamos o outro, o seu trabalho, o seu ganha pão. Sim. O seu único sustento. É que no mundo do jornalismo não há benesses do Estado ou empresa pública para nos mandarem para casa aos 50 anos e passarmos o dia a acusar o outro de nos estar a fazer mal.
No que a nós diz respeito, pedimos desculpa aos nossos leitores por não termos conseguido dar-lhes as melhores notícias ou reportagens. Aos políticos, do mais simples ao mais vaidoso, só 'lamentamos' o facto de termos conseguido ser justos, isentos e, acima de tudo, preservar um dos valores mais belos deste centenário jornal: todos têm voz, independentemente do seu estatuto.
Ricardo Miguel Vasconcelos e Lurdes Marques