
Armindo Veloso
Fracturante
Não tenho grandes dúvidas que José Sócrates, ao pôr em cima da mesa o dossier casamento entre homossexuais, não o fez sem reflectir muito.Se acredito que ele, José Sócrates, ache intimamente justo que pessoas do mesmo sexo dêem o nó, não me parece que só pelo facto de ter essas convicções ia pôr em risco uma reeleição em Outubro próximo.
Os consultores do nosso primeiro ministro devem-lhe ter feito chegar números baseados em estudos que o terão animado a encarar a façanha.
Não me convenço que Sócrates venha afrontar o Portugal mais conservador, do qual ele faz parte em muita coisa, sem ter garantias em números.
As dezenas de milhar de votos que perderá pelo facto de agendar este assunto fracturante, serão certamente compensados por um número duas ou três vezes maior de votos que não seriam dele nem do Partido Socialista mas que passarão a ser pelo facto de o ter agendado.
Lembro-me de uma célebre frase de Carlos Candal, que lhe custou a confiança política pelo Partido Socialista e a consequente saída de cabeça de lista às eleições europeias, que dizia para termos cuidado com o lóbi gay que comandava este país.
Onde houver seres humanos haverá sempre homossexualidade, não tenhamos dúvidas. O que me espanta e me revolta é que, sendo um desvio à normalidade, deve ser encarado com respeito mas nunca com glória.
É essa sobranceria — que parte do universo homossexual tem — que provoca sentimentos por vezes injustos de pessoas como eu.
Um dia destes, nós os heterossexuais, ainda vamos ter de pedir desculpa por gostarmos de mulheres, os homens, e por gostarem de homens, as mulheres.
Não, isso nunca!
Na convenção do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã meteu-se num beco sem saída.
Dizia ele no primeiro discurso que fez, reportando-se à economia/dinheiro: “...se metermos dois coelhos numa gaiola, passado algum tempo provavelmente teremos coelhinhos”. Reflectiu e completou: “ se for um coelho e uma coelha”.
Ora cá está dr. Louçã. V. Exa. deveria preparar melhor os discursos. Se o tivesse feito não se meteria nesta metáfora perigosa.
E se fossem dois coelhos ou duas coelhas gays? Lá ia o exemplo porque já não dava para completar, como o fez, com as notas de 100 euros não reproduzirem notas de 20 euros.
Façam lá o que quiserem, há uma coisa que não fazem. É colocarem dois seres do mesmo sexo a reproduzirem-se.
Para o mundo que caminhamos, a indústria farmacêutica é a única que se pode queixar.
Vende menos pilulas do dia seguinte...
Até um dia destes.