EDITORIAL

Armindo Veloso



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O nosso Jornal “Maria da Fonte” faz amanhã 123 anos e continua direitinho como um fuso graças aos melhores assinantes, anunciantes e leitores do mundo.
Embora isso, apeteceu-me escrever 2009 ao contrário. Não, não é por acaso. O ano 2009, em muitas coisas, será ao contrário do que se previa. Sendo o ano de quase todas as eleições não seria abusivo pensarmos que haveria vacas gordas fosse qual fosse o pasto.
Com o célebre déficit público controlado – já que as contas públicas são outra história... —, o governo faria com que as eleições autárquicas e legislativas – as Europeias nunca se deu por elas... — movimentassem toda uma Nação com mais-valias óbvias para todos nós.
A crise económica gravíssima que explodiu há poucos meses mas que já parece há anos dadas as consequências que teve trocou as voltas a todos.
Ao governo porque embora a crise o vá favorecer nas urnas – por paradoxal que pareça —, vai ter de falar ao contrário do que queria. Ou seja, em vez de apregoar as reformas e de cantar hossanas pelos sucessos, terá de pedir aos eleitores que, dada esta tempestade, mais vale continuar com o conhecido do que arriscar no desconhecido.
Mas que frustração, não tenham dúvidas.
A oposição, essa, ao contrário do que se previa, os partidos da esquerda estão cada vez maiores e, provavelmente, terão uma expressão eleitoral que nos surpreenderá a todos. Até aquele, o PCP, que apregoa a liberdade e a democracia sem nunca as ter praticado onde governou crescerá certamente.
Ao contrário da lógica das últimas décadas, já assistimos e vamos assistir a mais nacionalizações encapotadas para segurar por fios uma economia fraca como a nossa.
Ao contrário do que se previa, o petróleo corre o risco de bater recordes de preços baixos. Ao contrário do que se previa, em Janeiro um negro será o “ rei do mundo”.
Ao contrário do que se previa Durão Barroso vai fazer dois mandatos como presidente da Comissão Europeia e vai ficar na história da União ao lado de Jacques Delors.
Tantos “ao contrário” que ainda poderia acrescentar a esta crónica.
Esperemos, ao contrário do que se prevê, que todos nós tenhamos um excelente Dois Mil e Nove.

Até um dia destes.