EDITORIAL

Armindo Veloso



A família
Fado, Futebol e Fátima, eram os três ‘efes’ com que o Estado Novo entretinha o povo, dizia-se.
O ‘efe’ de Família, neste caso o quarto, é muitas das vezes conotado com um discurso fascista.
Não gostaria de hoje me pronunciar acerca do futebol porque já abordei esse tema neste espaço várias vezes. No que diz respeito ao fado, pouco sei.
Sobre Fátima, nem lhe toco.
Resta-me a família e, esse sim, é um tema no qual me sinto como o peixe na água e nesta época ainda sabe melhor falar dele.
Sabemos todos que, no passado e mesmo agora, existiam e existem milhares de famílias unidas de forma artificial seja pelos bens materiais, seja pelos filhos, seja por aquilo que for.
No entanto, pergunto: para onde caminha a humanidade, sem esse elo fundamental que é a família?
Com todos os defeitos do mundo, a família é o torno onde gira uma sociedade mais ou menos organizada.
Sei que há excepções, como em tudo na vida, mas os meus caros leitores hão-de verificar que as pessoas com sucesso e com princípios humanistas normalmente têm ou tiveram por trás de si uma família com alguma estabilidade.
Claro que, no outro extremo, estão os marginais da sociedade que, a maior parte das vezes, sem nenhuma relação familiar e escorraçados desde crianças, viram muitas vezes criminosos.
São fruto de um vácuo afectivo e moral.
Onde está a culpa desta gente? A única resposta que me surge é: em todos nós.
Viver em família é difícil, ninguém tem dúvidas. Requer grandes sacrifícios. O ser humano, por instinto, é um animal que adora rédea solta. O problema é que, no meio dessa anarquia congénita, também necessitamos de um porto seguro.
Não sei, sinceramente não sei, onde nos levará uma sociedade na qual deixe de haver a família como pólo aglutinador. Será possível que os ditos modernistas não pensem nisso?
Para já, ainda vai havendo agregados familiares com os meus, os teus e os nossos (filhos).
O problema será quando nem isso existir...

BOM NATAL PARA TODOS.

Até um dia destes.