EDITORIAL

Armindo Veloso




Os Beatles e Elvis da política

A música faz parte da cultura dos povos.
Como sabemos, as “épocas musicais” também ajudam a definir a história. Há, por exemplos, o antes e o depois dos Beatles, o antes e o depois do Élvis.
São os tais catalizadores da humanidade.
Por falar em marcos históricos, nada no mundo ficará igual depois da vitória de Obama para a presidência dos Estados Unidos da América. Um dos efeitos maiores será certamente o contributo que dá para o cântico de finados aos instintos racistas que ainda existem nos EUA e no mundo. Martin Luther king está vingado.
Na política é particularmente difícil fazer prognósticos. As dificuldades são tantas e o mundo é tão complexo que não se sabe, não se sabe mesmo, o que o futuro nos reserva. Mas, há uma certeza. Nada vai ficar igual.
Barac Obama é um homem nascido do chão. Oriundo de África – esse Continente-Raiz —, da parte de um dos ascendentes, singrou na selva americana. Negro e sem grandes lóbis a apoiá-lo tomou a dianteira e saiu vencedor.
Li e ouvi inúmeros comentadores e opinadores ava-lizados que há dois anos atrás não punham sequer a hipótese de Obama vir a ser presidente dos EUA. No nosso País, dentro da facção social democrata e socialista da qual Mário Soares é um dos expoentes máximos, Hillary Clinton era então a eleita. Havendo apostas para todos os gostos, terminavam quase todas com uma certeza. Obama pode ser o melhor, mas nunca será eleito por ser negro. A história dava-nos essa certeza. Residiu precisamente na sua não concretização a maior surpresa de todas.
Paulatinamente, Obama foi-se impondo dentro da sua família política, que, ao tempo, não o via com bons olhos, e conquistou a nomeação.
Agora eleito presidente de todos os Americanos e, porque não dizê-lo, presidente de grande parte da humanidade cujo interesse demonstrado pelas eleições nos quatro cantos do mundo veio mostrá-lo de uma forma clara, Obama tem uma responsabilidade sem par.
Vamos ver se o oxigénio que a sua eleição atirou para a atmosfera – parece que já se respira melhor...- e o diálogo que prometeu desenvolver junto dos tumores radicais, será o milagre que a humanidade espera ou se será entendido como uma fraqueza e os tais, ávidos de nos converterem, sentem mais força do que nunca para marcharem contra os “infiéis”.
Deus queira e Alá também; que impere a primeira hipótese.
Até um dia destes.