Armindo Veloso
 

Fruto dos tempos

A maioria de nós que andamos atentos à comunicação social ou vivemos dela, já estamos, ou deveríamos estar, vacinados para sabermos que muitas das vezes a verdade dos factos é apresentada de tal forma que o que passa para a opinião pública é o acessório, o polémico, ou, como agora se diz, a espuma das coisas.
Quando esta “filosofia” informativa nos toca a nós é que ficamos a ver o que passam diariamente algumas instituições ou os seus representantes.
Sei que numa democracia a comunicação social e a livre expressão são essenciais. Mas, porquê mentirmos com verdades? Uma verdade truncada ou desenvolvida na parte acessória com grandes títulos e declarações inflamadas, essas são sempre notícia, abafam a verdade principal e o que passa é uma “verdade mentirosa”.
É o fruto dos tempos. A comunicação social, pela necessidade imperiosa de audiências, sejam leitores, ouvintes ou espectadores, pega em verdades e recria-as com contextos, peças perfeitamente acessórias ou mesmo deduções e transforma-as em “desinformação”.
Isto para não falar em “caixas” que fazem história e que foram alteradas por alguns media voluntária ou, vamos ser bonzinhos, involuntariamente.
Há muitos anos atrás perguntaram ao Eusébio qual o marisco de que ele mais gostava. A resposta foi irónica, ainda há pouco tempo o reafirmou na TV, disse que marisco mesmo para ele eram os tremoços. O que ficou para a história foi a chacota de que o Eusébio confundia tremoços com marisco.
Mais recentemente, o Dr. Jorge Sampaio enquanto Presidente da República, disse no parlamento que havia mais vida para além do orçamento. O que ficou para a história é que ele disse, o que convinha aos media na altura..., que havia mais vida para além do deficit. Diz o Dr. Jorge Sampaio que já desistiu de corrigir essa sua afirmação.
Contra a força não há resistência...
Até um dia destes.