Armindo Veloso
 
Reforma administrativa

Quando se iniciou o processo da reforma administrativa, processo esse que embora tenha a sua parte mais visível após a assinatura do memorando com a troika e consequentes desenvolvimentos por parte deste governo, já tinha começado com estudos no governo chefiado pelo eng. José Sócrates, foi-me um assunto grato.
Não tendo em conta a parte financeira, nesse campo a poupança é ridícula, parece-me interessante que, principalmente nas zonas urbanas, haja agregação de freguesias.
Passei a minha adolescência e juventude paredes meias com três freguesias do centro histórico em Braga: Cividade, Sé e S. João do Souto, que todas juntas não ultrapassam os seis mil habitantes. Para centro de uma cidade grande é pouquíssimo. Então porque não existir só uma? Como este caso há muitos mais e não vejo nenhum inconveniente em juntá-las ainda por cima nas cidades o poder das juntas de freguesia é abafado pelo das câmaras.
Em relação às zonas rurais as coisas fiam mais fino. Os bairrismos e os isolamentos de algumas freguesias levam-me a amolecer no meu pragmatismo.
Quando o executivo da Póvoa de Lanhoso apresentou a sua proposta de agregação, entretanto chumbada, fiquei triste. Por motivos que parecem razoáveis à primeira vista essa proposta juntava Verim, Ajude e Friande, ou seja, freguesias que andam entre o pobre e o paupérrimo. Não concordo. Se há a necessidade, e bem, de as freguesias serem contíguas, também deverá ser tido em conta a riqueza delas em termos sociais e de centralidade aumentando, se necessário, o número de freguesias a agregar. Estou a defender a minha dama? Estou. Com os meus argumentos e sem bairrismos de qualquer espécie.
Esperava que a ‘régua e o esquadro’ que vinha lá de baixo, da comissão criada para o efeito, tivesse em conta a lógica geográfica nas agregações mas não se esquecesse da equidade entre freguesias mais desenvolvidas e aquelas que estão “atrás do sol posto”.
Não foi assim. Agora aguentemos!
Não emendamos: o país só faz reformas se mandado pelos senhores estrangeiros e os concelhos só as fazem se o poder central, mandado por aqueles, as impuser.
Somos assim, o que lhe havemos de fazer.

Até um dia destes.