Armindo Veloso




A DESGRAÇA DE UNS...

No rescaldo da calamidade que há semanas se abateu sobre a ilha da Madeira resulta uma conclusão óbvia: a desgraça de uns é a “fortuna” de outros De uma forma ou de outra todos nós sabemos que as coisas são assim. No entanto, quando nos batem à porta bem perto ficam mais clarividentes. Lembram-se certamente da confusão provocada pela célebre lei das transferências regionais que durante uma semana pôs Portugal em estado de sítio. Como quase sempre, não havia o mínimo entendimento entre as diversas forças políticas e a coisa esteve preta ao ponto do Presidente da República ter convocado o Conselho de Estado e o primeiro-ministro ter chamado de emergência a líder do PSD a S. Bento. Por entre confusão e mais confusão, houve ameaças veladas de demissão do Governo se tal lei fosse aprovada. Foi-o e pairou no ar a incerteza da promulgação ou não por parte do Presidente e o pedido de inconstitucionalidade por parte do PS. Eis senão quando a natureza, Essa, põe na ordem os pigmeus desavindos. Uma torrente de água de três horitas bastou para pôr a ilha ao contrário provocando dezenas de mortos e serenando os ânimos até ao ponto do “afago”. É. De facto, a desgraça de uns é a “fortuna” de outros. Nos próximos meses, largos, não vamos ouvir o mínimo ruído entre Alberto João Jardim e os governantes da República. Vão passar burros e canastras... Lembremos outro caso no nosso país vizinho: eleições em Espanha. Atentado terrorista que provocou mais de uma centena de mortes. Aznar, então presidente do governo, imputa a responsabilidade à ETA. Horas depois veio-se a saber que o responsável foi a Al-Qaeda. Mentira de Aznar e do PP espanhol. As sondagens davam até ali, todas, larga vantagem ao PP e ao seu novo líder, Rajoy. Urnas. Vitória clara do PSOE. Zapatero nunca vai esquecer a desgraça daqueles pobres trabalhadores do subúrbio madrileno.
Foram a “fortuna” dele.
Até um dia destes.