Armindo Veloso




LIMITAÇÕES

Como sabemos, uma parte significativa dos presidentes de câmara do nosso país candidata-se pela última vez.
Não sendo o caso do nosso concelho — pois caso ganhe e o queira Manuel José Baptista poder-se-á candidatar a um terceiro mandato — os presidentes de câmara que nos habituamos a ver por esse país fora vão ter de dar lugar a outros.
Que bom seria se a lei da limitação dos mandatos contemplasse os presidentes dos governos regionais uma vez que para outros cargos o problema não se põe.
Sendo certo que o voto em democracia é soberano, também é certo que existem muitas formas de o condicionar. Nos pequenos concelhos e nas regiões autónomas essa possibilidade é claríssima.
O poder com o tempo constrói uma teia tão bem urdida que condiciona o número de votos suficiente para fazer a diferença.
Onde está a liberdade do meu voto se eu, ou alguém do qual eu dependa, estiver preso à teia do poder instituído?
Deveremos reduzir a democracia ao voto?
Onde está em alguns concelhos deste país e na Região Autónoma da Madeira (falo destes por serem os mais paradigmáticos), a minha liberdade de acção e até de expressão?
Uma sociedade moderna é aquela que é construtivamente reivindicativa e crítica, não a que é comprada de uma maneira ou de outra pelas circunstâncias.
Bem haja à limitação dos mandatos. Julgo que pelos recorrentes maus exemplos da nossa Assembleia da República ao produzir legislação deverá ter havido um engano... Se não o houve, vá lá, mais um esforçozinho e façam uma revisão constitucional a sério.
A nossa lei fundamental necessita como de pão para a boca de ficar mais curta e mais moderna. Nem que seja para percentualmente ser mais cumprida...


PS: A próxima edição já sairá numa conjuntura de paz.
Este jornal respeitou o poder de então.
Respeitou o poder ainda vigente.
Respeitará o poder que sair das eleições.
No entanto, quem o dirige, não abdicará nunca de defender os interesses supremos desta instituição que já viu passar não guerras autárquicas mas guerras a sério com balas e canhões. Não questiúnculas autárquicas mas regimes da monarquia à república.

Até um dia destes.