Armindo Veloso




PRIMEIRO ROUND

Domingo é dia de eleições legislativas.
Após um verão quente de ataques e promessas chegou a altura de decidir.
Ou me engano muito ou os resultados eleitorais vão criar um nó-cego que só um bloco central desatará.
Se os dois partidos mais à esquerda, PCP/CDU e BE, somarem +/- 20 % de votos e o CDS mais os partidos residuais somarem +/- 10%, restam 70% de votos para o PS e PSD.
Quem ganhará? Logo se verá. No entanto, se um deles ganhar com dois ou três pontos percentuais de diferença do outro, muito provavelmente não fará maioria com a muleta CDS, única possível, no meu entendimento, como já aqui abordei noutro texto.
Ora, depois das eleições, se isso acontecer, há que pensar.
Se é certo que o Eng. Sócrates, ganhador, nunca teria a Dra. Manuela como vice-primeira ministra, também é certo que a Dra. Manuela, ganhadora, nunca teria o Eng. Sócrates vice-primeiro ministro. São inconciliáveis os dois.
Mas, se o perdedor se demitir, aí, há uma hipótese pacífica de se formar governo de bloco central. Isto dito nesta altura pode parecer absurdo. A ver vamos. Já vi coisas mais improváveis acontecerem.
Já repararam, caros amigos leitores, que desta forma se os dois partidos quisessem poder-se-ia fazer um governo, com os melhores dos dois lados, onde haveria todas as condições para dar seguimento às reformas estruturais adiadas sem conta e à maior de todas elas: uma revisão constitucional a sério – esta legislatura compete-lhe fazê-la – tão necessária para o país e que teria de mão beijada os dois terços dos votos que são precisos?
Em síntese, se houver vontade política, a legislatura que se avizinha poderá ser histórica.
Não é de somenos meter neste ‘puzzle’ o Presidente da República que apadrinharia com toda a força uma solução deste género.
Com vontade e sentido de missão, a formação de um governo, como o que aqui descrevi, seria histórica para o país e não poria em risco nada de essencial na nossa democracia. A alternância ficaria para mais tarde. Depois do país estar arrumado no essencial.
Até um dia destes.