
Armindo Veloso
PORTUGAL DOS PEQUENINOS
Neste número vou partilhar com os meus leitores dois casos da vida real, à portuguesa.
Primeiro, um familiar meu, trabalhador qualificado no ramo da construção civil há mais de trinta anos em França, mesmo não pondo a hipótese de vir morar para sempre em Portugal, resolveu construir uma casa na sua terra, nossa terra.
Adjudicou a obra em três fases a uma pequena empresa do ramo.
Numa das muitas visitas para acompanhar o desenvolvimento das tarefas e uma vez que se estava a desenvolver uma fase que ele conhecia de trás para a frente, arregaçou as mangas e trabalhou com os operários.
Quando estava a trabalhar, era a sério. Quando fazia intervalos para descansar ou beber uma cerveja, intervalava a sério.
Os operários da empresa contratada, por sua vez, não faziam intervalos porque tinham medo que o patrão chegasse.
No entanto, numa altura que o tal meu familiar estava a trabalhar, a sério, um dos funcionários perguntou-lhe se ele em França trabalhava assim. Respondeu-lhe que, naturalmente, sim.
Espantado respondeu-lhe: — Ai é?!... mas aqui não é assim. As coisas aqui não são para se fazer, são para se ir fazendo...
Segundo, um juiz decretou a penhora de um sexto de um salário a um determinado senhor que tinha uma dívida a terceiros. O visado, não contente com a decisão, fez ver ao magistrado que o dinheiro que lhe ficava disponível por mês não lhe chegava para fazer face às necessidades primárias da família. O juiz reconsiderou e deliberou a favor do devedor, alterando a decisão anterior, que se penhorasse um quinto.
Assim vai a matemática do juiz e assim vai o Portugal dos pequeninos...
Até um dia destes.
Neste número vou partilhar com os meus leitores dois casos da vida real, à portuguesa.
Primeiro, um familiar meu, trabalhador qualificado no ramo da construção civil há mais de trinta anos em França, mesmo não pondo a hipótese de vir morar para sempre em Portugal, resolveu construir uma casa na sua terra, nossa terra.
Adjudicou a obra em três fases a uma pequena empresa do ramo.
Numa das muitas visitas para acompanhar o desenvolvimento das tarefas e uma vez que se estava a desenvolver uma fase que ele conhecia de trás para a frente, arregaçou as mangas e trabalhou com os operários.
Quando estava a trabalhar, era a sério. Quando fazia intervalos para descansar ou beber uma cerveja, intervalava a sério.
Os operários da empresa contratada, por sua vez, não faziam intervalos porque tinham medo que o patrão chegasse.
No entanto, numa altura que o tal meu familiar estava a trabalhar, a sério, um dos funcionários perguntou-lhe se ele em França trabalhava assim. Respondeu-lhe que, naturalmente, sim.
Espantado respondeu-lhe: — Ai é?!... mas aqui não é assim. As coisas aqui não são para se fazer, são para se ir fazendo...
Segundo, um juiz decretou a penhora de um sexto de um salário a um determinado senhor que tinha uma dívida a terceiros. O visado, não contente com a decisão, fez ver ao magistrado que o dinheiro que lhe ficava disponível por mês não lhe chegava para fazer face às necessidades primárias da família. O juiz reconsiderou e deliberou a favor do devedor, alterando a decisão anterior, que se penhorasse um quinto.
Assim vai a matemática do juiz e assim vai o Portugal dos pequeninos...
Até um dia destes.