Armindo Veloso



POLÍTICOS LIVRES
E NÃO LIVRES
Tenho-me cruzado ao longo da minha vida com dois tipos de políticos. Os que são livres e os que não o são.
Mas, como são diferentes, meus caros.
Os políticos livres, ou seja aqueles que têm uma formação cívica e uma carreira profissional que em nada depende da política, são pessoas apaixonadas pela sua missão, e ainda bem, empenhados nas suas políticas respectivas, mas ninguém, venha o mais pintado, os pode depreciar e muito menos humilhar. Em síntese, são pessoas livres. Saem da política e têm a sua carreira profissional à sua espera.
Os outros, ai os outros, desde pequeninos, mui-tas das vezes chicas e chicos espertos, enveredam pelas juventudes partidárias e, qual religião, seguem, fanaticamente o caminho das pedrinhas que os leva, a alguns deles, aos lugares de responsabilidade.
Lá chegados, qual pedestal, olham o mundo de cima para baixo e esquecem-se que estão assentes nas mais movediças areias. Ausente um passado profissional que lhes dê uma vida normal sem dependerem da política, quando esse terreno instável se começa a mover, a fugir-lhes debaixo dos pés, agarram-se ao mais ténue fio que os aguente no trono do poder ilusório pondo-se de cócoras ou mesmo de gatas perante os chefes, quantas das vezes também eles a prazo, para se aguentarem nas luzes da ribalta. São estes os políticos não livres ou mesmo escravos de uma causa que, não raro, nem eles já acreditam. Existem em qualquer país estas duas espécies de políticos. O problema de Portugal é o da percentagem. Há muitos mais dos segundos do que dos primeiros. E, como disse o nosso Presidente da República há quatro anos atrás, a má moeda atrai a má moeda e a boa moeda atrai a boa moeda. Por este caminho, a prazo, em Portugal, só teremos “patacas” sem valor.

P.S. Por muito que o tentem, não o vão conseguir. O “Maria da Fonte” nunca hipotecará a conduta editorial por pressões, venham elas de onde vierem. O interesse público e a defesa desta instituição que é, só por si, muito mais do que qualquer director ou administrador que o represente num determinado tempo, seguirão o seu caminho. Se desiludimos alguns é porque, então, não nos conheciam o suficiente. Tenham paciência e apenas lhes pedimos para se lembrarem que já outras cores se queixaram do mesmo quando as coisas não lhes corriam de feição.
É a vida... Até um dia destes.