EDITORIAL

Armindo Veloso




 
Gerações

Sempre discordei daqueles que gostam de comparar o incomparável.
Desde regimes políticos em contextos temporais completamente diferentes até formas de ver o mundo nas mais diversas vertentes, somos sempre nós e a nossa circunstância.
Assim sendo, não quero contradizer-me e começar aqui a ser injusto com autarcas que desempenharam no seu tempo e na sua circunstância o melhor que puderam e souberam a sua missão.
É claro que há comportamentos que não se compadecerão nunca com nenhum tempo nem nenhuma circunstância e infelizmente ainda existem por aí alguns resquícios dessas ‘colheitas’. Mas não é isso que me traz cá hoje.
Fruto da minha circunstância, perdoem-me a repetição, acompanho de perto as mudanças que se têm verificado no mundo autárquico.
Há anos atrás um presidente de câmara que governava um concelho de oito mil ou cento e cinquenta mil munícipes, é esse tipo de câmaras que nos rodeia aqui no Minho, criava uma distância, muitas das vezes pedante, que se transmitia aos vereadores e às vezes por aí abaixo. Tornavam a ‘casa do povo’ num local que provocava suores frios aos ‘súbditos de suas majestades’.
Nos tempos mais recentes tenho verificado o quão diferente as coisas estão. Basta acompanhar as entrevistas que vão para o ar na Antena Minho às terças feiras, 19 horas, e reproduzidas no Correio do Minho nos sábados seguintes para se constatar a diferença de atitudes e formas de ver o mundo da nova geração de autarcas.
Desde o enfoque das suas preocupações, muito mais vocacionadas para o ambiente e para o social,  à forma informal de chegar à rádio/jornal muitas das vezes em carro próprio a maioria desta geração de autarcas já não vê na gravata e no motorista uma forma de afirmação.
A afirmação hoje passa muito mais pela competência e pela forma de comunicação no sentido lato – e por aqui passa muita coisa – do que pelo papel de embrulho...
Sinais dos tempos.

Até um dia destes.