EDITORIAL


Armindo Veloso
 

História

Tenho andado a ler os fascículos acerca da história de Portugal editados pelo jornal Expresso neste verão.
Se à partida pode parecer uma leitura chata, não o é.
Os quase nove séculos da nossa história como país não são mais do que um grande romance com enredos e personagens quanto baste.
A simples descrição dos factos da nossa história, sem mais, e não me parece que os três historiadores que assinam a edição queiram mais do que isso, já chegam para ter o tempero necessário para uma leitura interessada e interessante.
Se é certo que ainda só li sete dos nove fascículos, só falta parte da parte contemporânea que é de longe a mais conhecida, dá, ó se dá, para sorrir vezes sem conta com as analogias que se podem fazer com o tempo de crise que vivemos.
Houve alturas em que o país “acabou”, lembremos os ‘Filipes’, e outras, tantas, que vivemos crises dramáticas tendo sido quase sempre ajudados pela mãozinha amiga do nosso aliado histórico, a Inglaterra.
Há, no entanto, um motivo semelhante em todas as crises em Portugal: não nos sabemos governar. Razão tinha o tal general romano...
Quando tivemos dinheiro, desbaratámo-lo de todas as formas e feitios a começar pela corrupção e a terminar em obras sumptuárias. Quando não tivemos, andávamos às cabeçadas e subíamos os impostos. Aos mesmos, claro.
O resumo histórico de Portugal poderia ser: pequenos períodos de regabofe que polvilham longas crises de depressão económica.
Nunca, ou quase nunca, ligamos às necessárias transformações estruturais no nosso país.
Pobre país este que hoje acende charutos com notas e amanhã estende o chapéu aos vizinhos a pedir esmola.

Até um dia destes.