EDITORIAL


Armindo Veloso


Parecer(es)

Fruto da minha idade, não sou velho mas não sou criança, e de alguma posição profissional, chamam-me muitas vezes doutor. Não gosto. E não gosto não porque tenha algo contra os doutores mas simplesmente porque não sou. Digo muitas vezes que prefiro ser um senhor, a sério, do que um senhor doutor a fingir. Fiz o segundo ano complementar dos liceus que era o antigo sétimo ano, à antiga portuguesa, e depois o décimo segundo ano, também à antiga portuguesa. Em habilitações académicas fico-me por aqui.
Tem havido mais do que nunca escândalos e mais escândalos, uns mais artificiais do que outros, uns com maior conveniência mediática do que outros, mas todos eles bem à portuguesa.
Quem me conhece bem já me ouviu vezes sem conta  brincar com as licenciaturas que saem como brindes no ‘Skip’. Até os meus filhos já brincam com isso.
Não tenho dúvida que nas idades mais avançadas até terá algo de pedagógico atribuir diplomas através de equivalências. Refiro-me às novas oportunidades que, no meio de tanta facilidade, resulta muitas das vezes em reconhecimentos merecidos. Só que, meus amigos, quem trepa pela política acima, umas vezes com mérito outras com o pseudónimo de ‘boy’ as coisas mais tarde ou mais cedo vêm ao de cima. Então se mexerem em interesses que digam respeito a empresas de comunicação social, como é o caso do ministro Relvas, ó vespeiro...
Sabem uma coisa? Vou-me deixar de pruridos e: como gestor de órgãos de comunicação social e com quase quinhentos artigos/crónicas escritos acho que já posso pedir equivalência para a licenciatura ou melhor para o doutoramento em comunicação social. E como lido constantemente com burros ‘doutores’ quem sabe chega para me equipararem, a par de Alberto João Jardim, a veterinário.
Até um dia destes.