José Gaspar, do SC Maria da Fonte/Bikespace

“Sempre tive bichinho da bicicleta”

A Taça de Portugal de Cross Country Olímpico (XCO), na classe juniores, veio para a Póvoa de Lanhoso no dia 19 de Julho. José Gaspar, do SC Maria da Fonte/Bikespace venceu o troféu, triunfando na quinta e última prova e ascendendo ao topo da classificação geral individual.
Depois desta conquista, o objectivo passa pela vitória no campeonato nacional, que se realiza no dia 17 de Julho, em Moreira de Cónegos. O actual campeão nacional espera revalidar o título. José Miguel da Costa Gaspar, tem 18 anos, reside na freguesia de Lanhoso e integra a equipa de ciclismo do S. C. Maria da Fonte/Bikespice. Julien Absalon, atleta francês, bi-campeão olímpico e Nino Shurter, atleta suíço, são os ídolos do jovem povoense.

Como surgiu a ida para a equipa de ciclismo do Maria da Fonte?
José Gaspar - Estou na equipa há cerca de três anos, desde o seu início, apesar da apresentação formal da equipa apenas ter sido feita no ano passado, num momento em que os resultados começaram a aparecer. O primeiro ano foi um ano de habituamento e não podíamos fazer milagres. Foi um ano de trabalho para chegar à próxima época, o ano passado, mais fortes. No ano passado, representei a selecção nacional por duas ocasiões, consegui um quarto lugar na Taça de Portugal, fui campeão nacional, fui campeão regional do Porto e vice-campeão regional do Minho. Este ano trabalhamos com outros objectivos visto eu ser campeão nacional, na categoria júnior. O meu objectivo para esta época era vencer a Taça de Portugal, feito esse que consegui no passado domingo, em Loulé, no Algarve. A Taça de Portugal é constituída por um total de cinco provas: a primeira em Torres Vedras, a segunda cá na P. Lanhoso, no Diverlanhoso, a terceira em Vila do Conde, a quarta prova em Seia e, esta última, em Loulé. No domingo, venci a corrida e no final houve a entrega de prémios aos líderes da taça. Consegui, também ,o primeiro lugar no ranking da Taça de Portugal. No dia 17 de Julho vou disputar o campeonato nacional, em Moreira de Cónegos. Se vencer sagro-me bi-campeão nacional. O objectivo passa, agora, pela revalidação do título.

MF - Como é que foste parar ao ciclismo e à modalidade de Cross Country?
JG - Sempre gostei de andar de bicicleta. Anteriormente, morei em Vilela e tinha os meus saltinhos lá perto de casa. Andava com os meus amigos a mandar saltos de bicicleta. Um dia, fui num passeio com o grupo do BTT Maria da Fonte onde estava também o Marino Fonseca, que é agora o meu treinador. Viu as minhas capacidades e falou-me na possibilidade de entrar na equipa do Maria da Fonte, que estava a iniciar. Disse-me as condições e eu, como sempre tive o bichinho da bicicleta, entrei. Não sabia o que era eu. Sempre gostei mais de descer, de downhill e não sabia o que era o cross country. O cross country é uma circuito com 5 ou 6 quilómetros, em que damos umas cinco ou seis voltas sempre ao traçado, com subidas e descidas, e sempre a dar o máximo. Na primeira corrida, vi que o cross country não era bem aquilo que eu imaginava. Na primeira prova fui dobrado pelos primeiros classificados. Ainda não estava preparado.
Depois, fui vendo como é que eles treinavam, o meu treinador foi-me sempre acompanhando, a dizer como devia treinar, a alimentação que devia fazer e os cuidados a ter para levar uma época regular para depois chegar no próximo ano e fazer uma boa época.

MF - Que cuidados tens?
JG - Não comer alimentos ricos em gordura, nada de batatas frita, nem francesinhas. Opto por comidas ricas em hidratos de carbono, sais minerais e comidas leves que dão proteínas ao corpo. Nada de bebidas alcoólicas nem noitadas. É preciso muito descanso.

MF - É fácil, atendendo à tua idade, seguir todas essas indicações?
JG - Não é fácil ver os amigos saírem à noite e nós ficarmos mas os resultados falam mais alto e tenho uma camisola a defender. Sei aquilo que tenho que fazer e tenho patrocinadores que estão a apostar em mim e na equipa e a darem-nos os apoios para fazermos um bom resultado. Seria mau não conseguirmos mostrar o nosso valor.

MF - Como tem sido a reacção da tua família?
JG - A família fica contente com os meus resultados e apoia-me. Quando é altura das corridas a minha mãe prepara a comida indicada para mim. Não sou muito de me deixar ir, sei-me controlar sei o que devo ou não beber, sei o que devo ou não fazer.

MF - Para além de toda a orientação do teu treinador o que mais costuma fazer?
JG - Costumo ver vídeos de provas e dá para ter uma ideia daquilo que os profissionais fazer. Tento ver para depois aplicar em prova. Também pratico ginásio na pré-época, além dos treinos diários durante a época.

MF - Como te sentiste ao vencer a Taça de Portugal?
JG - Senti-me muito feliz. Estava em primeiro lugar na Taça de Portugal, a dez pontos do segundo classificado. Na quarta prova, em Seia, tive um problema com a bicicleta, o que me fez estar muito tempo parado a arranjá-la e quando voltei a entrar em pista já estava sozinho e terminei na 10.ª posição. No final dessa prova, passei para 2.º classficado e o que estava em 2.º passou para a liderança. Fiquei a 12 pontos do líder. No passado sábado, nos treinos, o atleta que estava em 1.º lugar, o Gonçalo Amado, teve o azar de cair nos treinos, levou dois pontos no joelho e não pôde realizar a corrida. Claro que azares todos temos e se ele não tivesse caído ia ser uma corrida mais disputada porque estávamos próximos um do outro. Na prova anterior fui eu que tive azar.
Na Taça de Portugal foram cinco provas mas no campeonato nacional é só uma prova. Podemos ter sorte ou azar. Se tivermos o azar de furar, vai tudo por água abaixo.

MF - Como é a vossa época desportiva?
JG - A época começa em Março e termina em Outubro. Nesse espaço, tenho provas do Campeonato Regional do Minho, do Campeonato Regional do Porto e tenho a Taça de Portugal. Por vezes, faço uma ou outra prova na modalidade estrada mas só como preparação, nada com grandes objectivos porque não é a minha modalidade. Tenho, também, outras provas quando sou convocado para a selecção nacional. Durante essas provas, é preciso dosear o esforço pois são vários meses de competição. Ao treinar todos os dias, o corpo chega a uma altura em que começa a ficar cansado e podemos deitar por terra os objectivos para aquela época. É preciso gerir o esforço para as provas mais importantes, que são a Taça de Portugal, as provas nacionais e as da selecção. Quanto às provas regionais, tenho sempre o objectivo de ganhar. Quando estou em competição o meu objectivo é sempre o de vencer mas sei que se não vencer ninguém me vai dizer nada pois não tenho aquela prova como objectivo. O meu objectivo nas provas regionais é o de fazer a preparação para depois chegar à Taça de Portugal e saber que me estou a sentir bem e que tenho tudo para que as provas corram bem. Claro que, isso às vezes não acontece pois temos a infelicidade de furar ou cair ou ter problemas com a bicicleta. Às vezes, as coisas não correm como nós queremos.