Armindo Veloso
NATAL
Estamos a viver o pico da época natalícia.
Se bem que a partir de Outubro já se começaram a ver aqui e ali sinais de Natal – comércio a quanto obrigas... - na próxima semana vamos atingir o ponto mais alto.
Este frenesim natalício faz vir ao de cima sentimentos nobres. A recolha de alimentos pelo Banco Alimentar Contra a Fome foi impressionante tanto pelas dezenas de milhar de voluntários envolvidos como pelos milhares de toneladas de alimentos amealhadas.
O povo português é assim, se é chamado a ser solidário é-o genuinamente e de forma espontânea.
Se essa solidariedade com os outros nos está no sangue, a simplicidade com que nos deixamos levar muitas das vezes também nos “impõe” compras de Natal sem o mínimo sentido.
Com o bombardeamento de comunicação directa e indirecta que começa nas luzinhas e termina na TV – sempre ela... -, nós somos embalados para comprar coisas e coisinhas que passado o clímax da noite são arrumadas a um canto.
Qual de nós já não sentiu remorsos de ver um monte de brinquedos abandonados, brinquedos esses que foram o motivo do assédio por parte de filhos ou netos semanas a fio e que passadas quarenta e oito horas da festa viraram tralha?
As crianças não têm culpa nenhuma. Eles são o produto destes tempos loucos que temos vivido. Há que sermos nós a explicar-lhes, eles entendem, que não se pode, nem se deve, dar tudo.
Se gostamos assim tanto de Portugal e dos portugueses, há duas coisas importantes que deveríamos todos fazer.
Uma, fazermos menos compras de Natal, mais pensadas e sermos mais solidários com quem não tem. Se sobrar algum, amealhá-lo.
Outra, comprarmos produtos portugueses. Há tanta coisa boa e bonita feita em Portugal por portugueses. Lembrem-se que muitas das coisas que se compram nas catedrais de consumo para serem baratas são fruto do trabalho escravo de milhões de crianças como as nossas. Não são extraterrestres, são como as nossas!
Aí está uma forma de solidariedade.
BOAS FESTAS PARA TODOS.
Até um dia destes.