
Depois da Famille Ramon, o Centro de Criatividade Póvoa de Lanhoso recebe, até ao dia 8 de Março, o Teatro da Didascália, em mais uma residência artística naquele centro.
Durante o período de permanência no concelho, de 23 de Fevereiro a 8 de Março, o grupo irá criar o espectáculo “Roda da Fortuna”, inspirado na crise mundial. Do programa elaborado consta: a realização de oficinas, nos dias 28 de Fevereiro e de Março, ensaios públicos, nos dias 5 e 6 de Março, e, a apresentação dos resultados, a 7 e 8 de Março.
Segundo fonte do grupo, estrear em Residência Artística no Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso é uma oportunidade importante, “primeiro, pelo confronto do nosso trabalho com um público que desconhecemos e que nos desconhece, permitindo assim um primeiro encontro de partilha de identidades e reacções que estimulam o processo contínuo de criação deste espectáculo; segundo, como em qualquer Residência Artística, os espaços respiram de forma diferente, o meio ambiente em que estão inseridos tem uma dinâmica própria que influencia determinantemente qualquer criação artística, oferecendo algo de novo e único, que só aquele lugar pode oferecer”.
“O Teatro da Didascália é uma companhia internacional sedeada em Portugal e que nasceu da criação de um primeiro acto performativo, Le dernier souffle, apresentado em Fevereiro de 2008, no Centro Pompidou (Museu de Arte Moderna), em Paris. Assumindo-se como uma estrutura internacional de criação artística, pretende ser uma alternativa criativa tanto no plano nacional como além fronteiras, realizando um trabalho atento próximo do mundo actual, promovendo a produção de novas dramaturgias capazes de dar resposta as necessidades do público contemporâneo”, revela a Câmara Municipal, em nota de imprensa.
A companhia desenvolve um intenso e continuo trabalho de pesquisa a nível físico, utilizando o corpo como ferramenta experimental que dá lugar à criação de uma dramaturgia e linguagem originais, investindo numa escrita teatral visualmente atraente, poética, provocante, mas sobretudo universal.
O Teatro da Didascália apresenta-se como um criador de histórias de lupa na mão, observando e transpondo a vida e suas fragilidades, contemplando-a e divertindo-se com ela através de um olhar sensível e particularmente humano.
Na sequência do caos económico que se instalou mundialmente, o Teatro da Didascália apercebeu-se da necessidade de reflectir e intervir artisticamente nesta crise. E muito cedo, os seus elementos se aperceberam da falta de interesse que o teatro tem por matérias relacionadas com a economia. Apercebe-ram-se ainda de que todo o material informativo sobre a economia em geral, contém uma linguagem técnica, por vezes quase que codificada, dificultando o esclarecimento de um leitor comum. Esse facto estimulou ainda mais o Teatro da Didascália para este projecto, que pressupõe a concretização de um objecto artístico, neste caso, o teatro que, de alguma forma, se pudesse exprimir através de uma linguagem mais próxima de um público menos informado e que talvez nunca tenha lido um único livro sobre economia. O projecto chama-se “Roda da Fortuna”.