António Lourenço, candidato do PS à câmara




“Sinto-me preparado e motivado ”

Recentemente apresentado, António Lourenço é o candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, nas próximas eleições autárquicas. Depois de desempenhar
as funções vereador, durante sete anos, no anterior executivo socialista, António Lourenço prepara-se para novos desafios. Ciente das dificuldades que o esperam o candidato do PS mostra-se disposto a disputar as próximas eleições autárquicas, esperando um combate forte e aguerrido, mas justo e transparente.

Maria da Fonte - Depois de ter integrado o anterior executivo, apresenta-se agora como candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal, nas próximas eleições autárquicas. O que o leva a candidatar-se?
António Lourenço
- São vários os motivos que me levam a assumir este desafio. Desde logo, pelo orgulho que senti ao receber o convite formulado pelos órgãos concelhios do Partido Socialista, demonstrativo da confiança que em mim depositam.
Depois, e tal como já afirmei no anúncio público da candidatura, porque quero disputar as próximas eleições autárquicas. Não estou neste processo com sacrifício, nem para fazer o favor a quem quer que seja. Estou neste desafio porque me sinto preparado e motivado para continuar a trabalhar para a Pó- voa e para os Povoenses.
Por outro lado, porque não me revejo no trabalho desenvolvido pela equipa que actualmente lidera a nossa Câmara Municipal. Não concordo com o rumo traçado, ou melhor, com a ausência dele e, muito menos, com a sua forma de fazer política.

Maria da Fonte – Fala-se que existiram divergências internas quanto à decisão. Isso é verdade?
António Lourenço
- Em relação à minha candidatura isso nunca aconteceu. O processo decorreu tal como os Estatutos do PS indicam. O meu nome foi proposto em sede do Secretariado de Secção e na Comissão Política concelhia, tendo sido aprovado por unanimidade. Foi um processo claro, pacífico e formalmente correcto.
Tenho a certeza que os socialistas do concelho me apoiam e estão com a minha candidatura.
Maria da Fonte – Para quando o anúncio dos nomes que o acompanham à Câmara Municipal?
António Lourenço - O caminho a percorrer tendo em vista as próximas eleições autárquicas, está ainda nos primeiros metros. Definido o candidato à Câmara Municipal é necessário partir para a escolha dos candidatos às Assembleias de Freguesia. Nesta fase, esta é para nós a principal preocupação e prioridade: encontrar e convencer aqueles que nós consideramos serem as melhores soluções para cada uma das 29 freguesias do concelho.
Tem sido tradição do PS apresentar o seu candidato no jantar comemorativo do 25 de Abril e só depois a divulgação das restantes personalidades que o acompanham. Por razões de vária ordem o partido decidiu antecipar a apresentação do candidato à Câmara, mantendo-se porém o anúncio de todos os outros elementos para depois daquela iniciativa.

“Não prometeremos fazer
o que não tivermos a certeza de poder cumprir”

Maria da Fonte - Já está definido o programa eleitoral do PS?
António Lourenço
- Como facilmente se compreenderá, ainda é muito cedo para definir o programa eleitoral que a candidatura do PS apresentará aos eleitores.
De todo o modo, estão desde já perfeitamente interiorizadas duas ideias força desse programa. A primeira é a de que o programa eleitoral irá ser o resultado das nossas ideias e convicções, mas será sobretudo o fruto dos contributos recolhidos através dos contactos que iremos encetar com as forças vivas do concelho. É fundamental ouvirmos as pessoas que no terreno desenvolvem o seu trabalho. Auscultar as suas preocupações, as suas dificuldades e os caminhos que apontam para as ultrapassar, é a melhor forma de elaborarmos um programa equilibrado, ambicioso e eficaz. A segunda ideia é a de que somos e seremos pessoas responsáveis, cumpridoras e de palavra. O contrato que assinarmos com os povoenses é para respeitar. Não prometeremos fazer o que não tivermos a certeza de poder cumprir. Não iremos prometer empregos, não iremos prometer a resolução de problemas que não têm solução, enfim não prometeremos o Sol e a Lua só para conseguir conquistar mais uns votos.

“Temos todas as condições para ganhar as eleições”

Maria da Fonte – Depois de 12 anos no poder, o PS perdeu, em 2005, para o PSD. Porquê?
António Lourenço
- O Partido Socialista exerceu a responsabilidade de liderar o executivo camarário entre os anos de 1994 e 2005.
É com muito orgulho que olhámos para esse período e verificámos o desenvolvimento do concelho nas suas mais variadas áreas. Desde as infra-estruturas rodoviárias, aos equipamentos educativos, culturais, desportivos e sociais, foi uma revolução o que aconteceu durante esse período.
Tudo isto foi conseguido pela ambição e capacidade das pessoas que ocuparam os lugares de responsabilidade, mas também muito por força do excelente trabalho das Juntas de Freguesia e da dinâmica dos dirigentes das instituições mais representativas do concelho. Um trabalho em equipa, com lide-rança, que resultou excepcionalmente bem. A história irá confirmar esta minha leitura.
Mas a verdade é que em 2005 os povoenses acreditaram e confiaram noutro projecto.
Como democrata que sou, aceito naturalmente a vontade dos eleitores. Penso todavia, que isso sucedeu porque nós não tivemos a capacidade de mostrar às pessoas tudo de bom que foi realizado e convencê-las de que o nosso projecto era de facto o melhor para o concelho.

Maria da Fonte – Este é o primeiro mandato de Manuel José Baptista. Regra geral, os eleitores costumam dar um voto de confiança para um segundo mandato. Está ciente das dificuldades?
António Lourenço
- É claro que estou consciente das dificuldades que estas eleições colocam à candidatura do Partido Socialista. Provavelmente não seria um bom candidato se não percebesse isso.
Estas dificuldades não acontecerão por se tratar de um primeiro mandato, porque estou convencido que todos os povoenses já perceberam do que esta equipa é capaz e das suas limitações. Será sobretudo pelo marketing político agressivo que é utilizado, com o dinheiro público, e pelo comportamento político dos responsáveis. A contratação de mais uma profissional da área da comunicação social para tratar da imagem da Câmara Municipal, foi o resultado de um estudo encomendado e que custou cerca de 15.000 euros aos cofres da autarquia. Como se gasta o nosso dinheiro. O Boletim Municipal que deveria servir para dar a conhecer aos povoenses a dinâmica da autarquia, é utilizado de uma forma descaradamente política, para atacar a oposição e arranjar bodes expiatórios para esconder as suas fragilidades e incapacidades. Tudo isto custa muito dinheiro.
‘Quem está na política ou mata ou morre’ é uma das máximas da actual maioria PSD. Dita e confirmada pela sua liderança. É uma atitude antidemocrática de viver e sentir o relacionamento com os nossos parceiros e adversários. É uma postura obscura nos objectivos e perigosa quanto às consequências.

Maria da Fonte – Acredita que vai conseguir a vitória?
António Lourenço
- Estou perfeitamente convencido, e cada dia que passa mais convencido fico, que temos todas as condições para ganhar estas eleições. Aprender com o passado é o primeiro passo para delinear a melhor estratégia, no sentido de fazer chegar a nossa mensagem às pessoas. Temos de mostrar aos eleitores que temos o melhor projecto, as melhores ideias e as melhores pessoas para as concretizar. Apesar de esta candidatura estar alicerçada no apoio do PS e das Juntas de Freguesia, pretendemos aproximar e integrar no nosso projecto todos os que comunguem dos objectivos, do programa e da nossa forma de fazer política. E já há muitos povoenses que não tendo votado PS nas últimas eleições autárquicas, me têm manifestado o seu apoio. Uns porque acreditam, outros defraudados e desiludidos em relação às expectativas criadas. Acredito que muitos mais se juntarão a nós. Acredito que vai ser possível.

“Espero que seja um combate forte e aguerrido,
mas justo e transparente”

Maria da Fonte – Que análise faz da política desenvolvida pelo actual executivo?
António Lourenço
- É uma política sem rumo definido. Não existe uma ideia clara para o desenvolvimento do concelho. Basta analisar o programa eleitoral e ler os vários planos de actividade, para perceber que não existe coerência nem um fio condutor entre eles.
Apenas como exemplo, pergunto se alguma vez fomos confrontados com a pretensão de destruir as piscinas descobertas, o pavilhão desportivo e os campos de ténis? Obras importantes de anteriores Presidentes da Câmara. Só no plano de actividades para 2009 é que se refere esta possibilidade. Porquê? Com que legitimidade? O que é feito da imaginação tão propalada durante a última campanha eleitoral, para se conseguirem os investimentos necessários para as grandes obras de que o concelho ainda precisa?
O que é feito da transparência, slogan de 2005, quando se emprega na Câmara e na Epave os candidatos do PSD ou os seus familiares, sem qualquer critério que não seja o de possuírem o cartão laranja? Quando se fazem obras cujos concursos só são realizados depois destas estarem prontas? Quando não se respeita uma decisão do tribunal, para que a abertura das propostas nos vários concursos, só aconteça na presença da Comissão eleita no âmbito da Assembleia Municipal? Porquê?
Prometeram descentralizar competências para as Juntas de Freguesia. Forçados pelo acordo que assinaram com as Juntas eleitas pelo Partido Socialista, vão de facto transferir a verba de 60.000 euros para estas Juntas durante o ano de 2009. Mas só o vão fazer com estas 23 freguesias. Porque não o fazem para todas? Porque descentralizam para umas e não descentra-lizam para as outras? Porque não tratam todas as freguesias da mesma forma?
É uma desilusão muito grande. Que diferença entre o que foi prometido em campanha eleitoral e o que efectivamente se faz.

Maria da Fonte – “Falar verdade” é o slogan da campanha. Qual a razão?
António Lourenço
- “Falar verdade” é realmente o slogan para esta fase da campanha. Para nós é essencial que a Câmara Municipal seja uma instituição de bem. É fundamental que as pessoas acre-ditem, respeitem e sejam respeitados.
Quando afirmamos que é necessário falar verdade, é no sentido de que só se pode e deve assumir compromissos que possam ser respeitados, que é necessário concretizar o programa apresentado aos eleitores e não andar ao sabor das ondas, que é preciso pagar a tempo e horas aos fornecedores, pois em Dezembro último, existiam dívidas com cerca de ano e meio de atraso.
Apesar do Partido Socialista ter aprovado praticamente todos os documentos e assuntos levados à Câmara e Assembleia Municipal, existe a permanente intenção de desinformar, tentando levar as pessoas a pensar que o PS é uma força de bloqueio. É preciso falar verdade.

Maria da Fonte – O que espera das próximas eleições autárquicas e do combate político que se avizinha?
António Lourenço
- Espero que seja um combate forte e aguerrido, mas justo e transparente. Espero que a disputa se situe apenas no campo das ideias e dos projectos e que nunca resvale para o ataque pessoal, com afirmações que visem a integridade e a dignidade dos candidatos.
Tive o cuidado de manifestar, de uma forma muito clara, nos dois momentos públicos da minha candidatura, que não farei ou permitirei que se ultrapasse a barreira do respeito pessoal que todos os adversários merecem.
Penso que esta entrevista é o exemplo do que vai ser a nossa campanha. Critico procedimentos, contesto iniciativas, mas nunca faço qual- quer referência de índole pessoal.

“Não é bom para as instituições
que os seus dirigentes se eternizem no poder”

Maria da Fonte – Decidiu afastar-se das instituições que liderava. Qual a razão dessa atitude?
António Lourenço
- É verdade que decidi não me recandidatar a um novo mandato na Associação “Em Diálogo” mas esta decisão é independente da minha candidatura à Câmara Municipal. Eu acredito que não é bom para as instituições que os seus dirigentes se eternizem no poder. Foram 10 anos de muito esforço, mas de muito prazer por tudo o que se conseguiu concretizar. Tenho a certeza que a nova equipa vai dar continuidade ao excelente trabalho realizado por todos – dirigentes, funcionários, voluntários e utentes. Acredito nas pessoas que a compõem.
Quanto aos Bombeiros, vou efectivamente suspender o exercício das funções de Comandante até ao próximo mês de Novembro. Faço-o porque não quero de forma alguma, que a instituição possa ficar prejudicada com a minha candidatura. Os Bombeiros precisam de todos e todos precisam dos Bombeiros.